quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Gato Capuz

Um dia um gato apareceu em minha casa.
Mas era de noite. E moro em apartamento.
E não era um gato qualquer, era um gato preto em baixo da escada.
Apelidei-lhe de Capuz, pelo fato de que horas antes minha mãe havia o visto correndo deliberadamente sobre os degraus, e concluiu que por tal vulto que Capuz fizera nada menos era que um ladrão com um capuz preto.
Eu me ri. Por ser apenas inocente bixano que ora estava num canto em baixo da escada.
Ele olhava verde para mim, deconfiado. Minha mãe jogou-lhe água fria e e tive de ouvir sua ladainha que aparentava ser um "miau".
Capuz estava a flor da idade, deveria de ser o maior galanteador do bairro.
Dei-lhe comida, mas não comeu. Tentei aproximar-me mas mostrou-me as unhas e fui-me à cima da escada.
No dia seguinte quando eu saia pela manhã deparei com presentinhos nada agradáveis em toda parte, e frustrei-me com Capuz, mas não deixei de gosta-lo, ensinaria modos ao senhor felino.
Quando voltei para casa perguntei sobre Capuz, minha mãe disse que meteu Capuz à fora, que não passava de um fedorento!
Senti-me triste pois sabia que Capuz gostava de mim também...
O gato desapareceu da minha casa.
Capuz se fora.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Lista para o senhor do tempo

O que eu queria mesmo era um tempo. De tudo. Primeiramente de mim. Mas é como um hiato sem vogais. Não consigo mais olhar o espelho e me ver. É... Enlouquecedor. As minhas manias, choramingos, medos, meu quarto, da maneira como escrevo, meu rosto, meu gosto e meu jeito de andar. Eu não aguento mais. Me sinto um pouco de geléia espalhada em um pão grande demais. Me sinto fora, mas muito dentro pra sair. Me sinto um copo meio cheio e meio vazio. Será isso fugir da monotonia? Má che! Quero tempo disso também...
E claro, das pessoas. Essa gente efuziva que vai entrando na sua vida, metendo o nariz. Pessoas que não fazem nem esforço pra seguir um raciocínio digamos que... Abstrato. Não, não, não é essa a palavra... Pessoas amassadas na massa. Seus gloriosos projetos se vão com qualquer brisa que se passa...
E tempo das cidades, são todas iguais tirando algumas claras diferenças culturais. Tempo da televisão, da mídia, do computador, das previsões, das ações repentinas.
Quero tempo de você, tempo para o meu surrado coração.
Mas o que me incomoda que de todo esse tempo, um dia ele volta. Porque eu não sei me recompor se não for com um tapa - Ardido, de preferencia - na cara. E tempo pra que? Depois pode ser até pior...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ér, tunts tunts

Ouvi ruidos, e pensei que fosse passos. Mas logo vi que era meu coração, inquieto, pulando...
Podia até ver seu contorno em minha pele.
E continuava com tanta facilidade e eu nem sabia porquê.
E minha respiração aumentava de acordo com o pensamento de que seria tal batimento.
Acho que de tempos pra cá, de tanto ele esperar, o que eu não sei, se desgastou e começou a sentir por ele próprio.
Mas depois à custo abri os olhos e nada havia, vacuo.
A não ser pela solidão, sentada ali em um canto, me observando, sugando minhas gargalhadas...