quarta-feira, 14 de julho de 2010

Carta de Raimundo

Este é o ultimato.
Todos esses dizeres, embora fugazes fazem-me entender que hoje, hoje não mais voltarei.
Não importo-me se soar clichê, se não aprecia uma fuga desvairada.
Me sinto vago, me sinto sujo.
Maria, nossas flores murcharam, nossa mula morreu, o feijão acabou, nosso sonho acabou.
Maria, deixo-te meu relógio e um exemplar de Odisseia por qual nunca se interessou.
Nosso desfeixe é mais triste que meu desamor.
Sabe que não volto, que é definitivo.
Voltarei para Santa Teresa, cuidarei do comércio de meu pai, e novos amores virão!
Este não é o fim, Maria.
Volte para sua mãe, volte para sua terra, onde há de achar sua sina, seu aconchego.
Junto à mim não encontrará disso.
Eu disse para padre José orar por nós, não falte nas missas, no natal compre um vestido e não tome muito champagne.
Continue a praticar piano, não chore quando não achar meus braços, não confie em todas as pessoas.
Ah! Maria... Te conheço muito, te sei tanto...

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